quarta-feira, 5 de março de 2008

E que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que anseio,
Que a morte de tudo o que acredito,
não me tape os ouvidos e a boca:
porque metade de mim é o que grito,
mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe,seja
linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo,seja para sempre amada, mesmo que distante:
porque metade de mim é partida,e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo,não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com
fervor,apenas respeitadas como a única coisa que restaa uma pessoa inundada de sentimento:
porque metade de mim é o que ouço,mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora, se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que corre por dentroseja um dia recompensada:
porque metade de mim é o que penso,e a outra é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste.
Que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto, o doce sorriso que me lembro ter dado na infância:
porque metade de mim é a lembrança do que foi,a outra metade, eu não sei.
Não seja preciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito,e que o teu
silêncio me fale cada vez mais:
porque metade de mim é abrigo,mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma reposta,mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar:
porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer,porque metade de mim é platéia,e a outra
metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada:
porque METADE DE MIM É AMOR, E A OUTRA METADE, TAMBÉM.
[ Oswaldo Montenegro ]

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