quinta-feira, 1 de maio de 2008

Menina.

Menina tímida que sapateia pela rua sozinha com suas pernas tortas que a levam à lugar nenhum, tem em seus cabelos desbotados as pontas de desastrosos passados juntos aos seu inúmeros brincos em cada orelha e seus tênis desamarrados que a fazem tropeçar constantemente na própria língua!
Menina travessa que faz sem pensar e fala sem cessar, carrega consigo um coração retalhado, uma alma cheia de buracos, um corpo cheio de marcas em punhos e pernas.
Leva com os olhos lágrimas infinitas derramadas noites a fora ou até dias a dentro, escreve bobeiras em papéis em vão, xinga semelhantes e discórda de ignorantes sentindo-se superiora a alguns por simplesmente ter um pouco do português correto na língua.
Menina que já é mulher e não admite, menina que nasceu de um erro e espera um dia acertar, desde 1985 tenta algo, pois carrega na bolsa a falsa esperança de um psicopata daquele futuro promissor que tanto almeja sem probabilidade de dar em algo.
Queima seus braços com o cigarro barato que roubou, morde o canto da boca na espera de pessoas que ama, mas que se embriagam em sua ausência, sente falta de quem já se foi e se estivesse aqui hoje, nada teria acontecido...
Chora ao caminhar, dorme ao pensar, fica inquieta simplesmente ao ficar quieta. Menina tímida que um dia caminhou por alí, hoje tem como prisão a própria mente dentro de casa, da qual não sai por motivo algum pelo simples fato de obter a misantropia como sua melhor amiga, extremamente anti-social tem uma mente brilhante, porém não a usa para o que mais ama...
Menina triste que um dia já foi feliz, tem em seu estômago a dor literal de sofrer, se corrói por dentro simplesmente por saber que existe e não é feliz por saber que nada a aguarda.
Sente-se tão solitária, mesmo gostando disto, sente saudade de ter com quem conversar, solidão machuca suas pernas, solidão lhe corta os pulsos, ser sozinha lhe machuca o todo.
Menina cabisbaixa que caminha torta e encurvada à direção alguma... hoje tem em sí mesma a decepção como marca e sente-se um simples nada aos olhos de tudo ao seu redor. Odiada por muitos, amada por obrigação por poucos, hoje leva consigo lágrimas de sangue que escorrem pela face mastigada de choro e sente em seus braços as cicatrizes de dias felizes, sim felizes, hoje ela tem como sentença a solidão por pagar por atos e até mesmo pagar por coisas que não fez.
Carrega o fardo de ser apenas ela: uma menina!

3 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada pela visita!!
Legal o seu blog também! =)

beijos

M de Marla disse...

hmmm
algumas passagens do texto cairiam bem na descrição da minha vida.
gostei!
parabéns, viu... e continue escrevendo tb!
=)

Giuseppe Menezes disse...

Uma mente brilhante. Concordo plenamente... gosto muito de seus textos, apesar de sempre muito melancólicos.

Muuuuuto obrigado pelo seu comentário, menina linda!!!